Espaço para interação de cidadãos e cidadãs interessados no debate de políticas públicas para a cultura no município de Santa Cruz do Sul

terça-feira, 28 de dezembro de 2010


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PARA QUE(M) SERVE A TUA ARTE?
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Confira o texto no meu novo blog:


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Confiram também os outros textos sobre arte, cultura, política e sociedade.
Minha mensagem de final de ano também está lá!
Abraços.

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Joe Nunes

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ABAIXO ASSINADO PELO FUNDO MUNICIPAL DE CULTURA

Baixe a imagem, imprima e circule entre seus amigos. O material pode ser entregue nas reuniões do FOCUS.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Por cinco minutos

Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol/tenho comigo as lembranças do que eu era/para cantar nada era longe,tudo tão bom! F.Brandt/M.Nascimento

Por cinco minutos
Por cinco minutos perdeu-se um amor
A semente na flor já não se abrirá
A menina com pressa que chega ao encontro
O menino que pronto também chegará...

Um amor represado em mil horas de espera
Em miradas furtivas em meio aos demais
Que, assim, deixará de saber-se quimera
Nessas almas em guerra que, enfim, terão paz

Que um pro outro nasceram e, assim, viveriam
Que seriam felizes... não há quem duvide!
Até mesmo os anjos desde há muito sabiam
Testemunhas que eram desse amor tão sublime

Mas não é que o cupido nesse dia adormece...
(O destino tem manhas que ninguém sabe ao certo)
Os arcanjos não vêem - mesmo Deus não percebe -
E se fazem distantes os que estiveram tão perto

Ele jamais descobriu o quanto ela esperou
Ela jamais entendeu do seu atraso a razão
E por cinco minutos perdeu-se um amor
Quase os mesmos minutos... desta canção!!!

Martim César

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O samba do alemão batata

Por Iran Pas*

Estava eu um dia desses trocando idéias com meus amigos e colegas historiadores, Mateus Skolaude e o João Paulo Reis, quando surgiu o assunto da polêmica envolvendo a escolha da rainha da Oktoberfest. Estávamos tomando um café na Illuminura e começamos e discutir sobre o acontecimento, não sobre a escolha em si da rainha, mas da repercussão causada pelo fato de a escolhida ter um sobrenome italiano e nascido em outro município de nossa região.

Confesso que esse assunto, que à guisa do "samba do crioulo doido" poderia ser denominado “o samba do alemão batata” me constrange, pois sou um “estrangeiro” em Santa Cruz do Sul, moro nessa cidade (por escolha, assim como poderia ter escolhido qualquer outro lugar para viver), há 18 anos. Por descendência materna e paterna tenho orígem (distante) européia, colonizadora.

Mas, profissionalmente, como historiador, considero que não poderia me furtar de participar da discussão, que ainda repercute, em torno da escolha da rainha da Oktoberfest. É um assunto que transcende o bairrismo e os ranços de uma das mais fechadas sociedades germânicas do Rio Grande do Sul, pelo menos até os anos 80/90. Algumas das declarações feitas no portal GAZ (www.portalgaz.com.br) sobre a coroação da Corte da Oktoberfest beiraram à xenofobia, coisa que deve nos causar repulsa. Parte destes comentários deve ser colocada na conta das famílias e amigos de concorrentes superadas na disputa, pessoas que certamente à revelia do entendimento das candidatas, julgavam ter numa boa tintura “biocolor” ou num sobrenome suas melhores chances de coroação.

Os comentários ali expostos deixam transparecer uma intolerância racial latente. E pensamentos como esses, usados por gente de mente doentia, como já aconteceu na Alemanha e na Itália, podem nos levar para um caminho muito perigoso. Ademais, acredito que está na hora de uma parte da velha elite santa-cruzense e sua caixa de ressonância social na classe média, repensar seus conceitos à respeito de cultura e seus valores como povo e nacionalidade.

Os “verdadeiros alemães” levaram para o maior evento do futebol mundial um selecionado com vários atletas oriundos de outros países, negros e árabes inclusive, que já foram vítimas da xenofobia alemã, por qual motivo devem alguns santa-cruzenses achar que para representar uma cidade cada dia etnicamente mais “brasileira” só pode ser descendente ariano, de sangue genuinamente germânico.

Até onde sei, os europeus não têm muito orgulho daqueles emigrantes que, frente às maiores crises e fomes da história, deixaram o Velho Continente e partiram em busca do “eldorado” no Novo Mundo. Muitos só queriam comer todos os dias. Alguns dos quais eram degradados, miseráveis e os mais incultos integrantes da sociedade alemã da época, mas seus descendentes hoje buscam a consagração em colunas e “status” sociais. E títulos que enalteçam a “germanidade” e uma suposta pureza racial e cultural.

Faz bem a Oktoberfest em dar ao evento a possibilidade de representação da pluralidade da sociedade que constrói esse município, essa região, esse estado e esse país. Hoje, o mundo é plural, democrático.

Está aberto o caminho para que tenhamos, nos próximos concursos, representantes da beleza negra, nativa, indígena, asiática, àrabe e demais representações étnicas que fazem, na verdade, a atual sociedade santa-cruzense. Uma representação que deveria, sim, consolidar-se pela pluralidade dessa festa, e não pelo radicalismo étnico. Um tema que na Alemanha “original”, ainda suscita calafrios.

Outro elemento importante para a discussão é, o simbologismo de rainhas e princesas. O que nos leva a escolher soberanas de festas, feiras, Carnaval, municípios, esportes, etc..? Seria uma inclinação à monarquia? Saudosismo de um tempo de reis e rainhas, senhores de escravos, senhores feudais? Porque o simbologismo de uma corte? Principalmente em um País cuja história mostra ter sido construido por escravos, plebeus, náufragos, bandidos e degredados?

Atire a primeira “kartoffel” aquele de pura linhagem nobre, quem tiver o sangue azul!!

* Historiador e Mestre em Desenvolvimento Regional

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Joaquim Nabuco: um pensamento para entender o Brasil


Alguns dias atrás recebi um convite para falar sobre o pensamento de Joaquim Nabuco no Curso de Formação Sócio Religiosa, organizado pela Igreja Católica, Colégio Marista São Luiz e Departamento de Ciências Sociais da Unisc. Quando comecei a preparar a palestra, dei-me conta do quão pouco se conhece do pensamento dessa importante figura da história, da política e da literatura brasileira. Nas escolas de ensino médio, salvo engano meu, não se aborda o tema com a devida importância, na faculdade, não me lembro de ter sido tratado nada especifico sobre o assunto. Embora Joaquim Nabuco seja estudado por intelectuais da história e da sociologia, esse debate não é levado para dentro da escola e traduzido de uma forma que seja possível, por meio dele, compreender a formação do Brasil, mesmo que, como disse o Ministro Celso Amorim em discurso na Conferência em Homenagem ao Centenário da Morte de Joaquim Nabuco, na Academia Brasileira de Letras, em janeiro de 2010: "Sua contribuição está registrada nos livros que escreveu após 1889. Alguns deles integram qualquer lista de textos fundamentais para se entender o Brasil."

Bem, se é assim, porque a obra de Joaquim Nabuco é pouco estudada, ou seu pensamento quase não é difundido e conhecido por nossos jovens no ensino médio ou mesmo nas faculdades de Direito, Sociologia e Literatura, por exemplo?
Justamente Nabuco que pregava a necessidade de profunda reforma social para que o Brasil pudesse progredir. E, dentre os principais aspectos dessa reforma social, está a universalização da educação, reforma agrária com o fortalecimento da pequena propriedade familiar, e uma reforma tributária na qual os ricos pagassem mais impostos do que os pobres. Defendia a função social da propriedade rural como princípio, não aceitava que grandes proprietários tivessem terras sem serem cultivadas e que outras tantas pessoas não tivessem um porção de terra para produzir. Também condenava a forma de exploração da terra, feita de forma a não cuidar do solo, esgotando-o sem nenhuma preocupação em degradar a natureza.

Na verdade, o que mais conhecemos de Joaquim Nabuco é sua causa abolicionista, e pouco sabemos do quanto ele representa para a diplomacia e a política externa brasileira. Desconhecemos, de maneira geral, que foi ele verdadeiramente o primeiro a pensar um programa político, social e econômico para o País. Nabuco o primeiro a fazer um profundo diagnóstico dos problemas e da realidade brasileira e apresentar um programa de reformas que no seu entendimento colocaria o Brasil na dianteira do progresso e do desenvolvimento.

Infelizmente, cem anos se passaram da sua morte e as reformas por ele propostas ainda são necessárias. A reforma agrária, ou como ele chamava “a democratização do solo” é uma necessidade, na universalização da educação há avanços, mas é preciso melhorar, principalmente no ensino básico, é preciso valorizar o Magistério e criar condições de ensino; na questão ecológica a sua preocupação com a maneira em que o solo era explorado, com o esgotamento da fertilidade, queimadas, derrubada das matas, ainda vivemos esse drama. Parece-me que do seu legado na política externa, como embaixador, há bons frutos sendo colhidos. Nossa política externa tem seguido seus ensinamentos. Já internamente, na modernização da nação, é preciso avançar. As elites brasileiras necessitam mudar, pois  ainda mantêm a mentalidade de senhores de escravos do século XIX.

Por fim, me entristece constatar que um dos homens intelectualmente mais importantes do século XIX no Brasil, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, seja considerado um literato de 4ª ou 5ª categoria, que um personagem da densidade de Joaquim Nabuco, o primeiro a fazer um profundo diagnóstico da realidade brasileira e apresentar um programa de reformas sociais, pouco ou nada seja discutido nas ciências sociais ou políticas e na história.

Trata-se de um dos maiores jornalista que já tivemos, mas sequer é lembrado nos cursos de comunicação social. Enquanto isso, muitos generais com sangue nos punhos e sujeira embaixo dos coturnos, estão ai sendo lembrados e venerados diariamente.
 Iran Pas
Historiador

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre escritor José Saramago

Morreu nesta sexta-feira (18) em Lanzarote (Ilhas Canárias, na Espanha), o escritor português José Saramago, aos 87 anos. Em 1998, Saramago ganhou o único Prêmio Nobel da Literatura em língua portuguesa.
Morre escritor José Saramago

José Saramago, um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa
Morreu nesta sexta-feira (18) em Lanzarote (Ilhas Canárias, na Espanha), o escritor português José Saramago, aos 87 anos. Em 1998, Saramago ganhou o único Prêmio Nobel da Literatura em língua portuguesa.

A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 (horário local, 7h30 em Brasília) na residência dele em Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila".

Nos últimos anos, o escritor foi hospitalizado várias vezes, principalmente devido a problemas respiratórios.

O escritor nasceu em 1922, em Azinhaga, uma aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses. Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção em uma editora.

"Ser comunista é um estado de espírito", disse José Saramago
Começou a atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado. Voltou a publicar livro de poemas em 1966. Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal "Diário de Notícias". A partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.

Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, considerado por críticos como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois.

Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português -- o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, onde viveu até hoje.

Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).

O livro Ensaio sobre a Cegueira (1995) foi transformado em filme pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles em 2008.

A primeira biografia de Saramago, do escritor também português João Marques Lopes, foi lançada neste ano. A edição brasileira de "Saramago: uma Biografia" chegou às livrarias no mês passado, com uma tiragem de 20 mil exemplares pela editora LeYa.

Segundo o autor, Saramago chegou a pensar na hipótese de migrar para o Brasil na década de 1960. "Em cartas a Jorge de Sena e a Nathaniel da Costa datadas de 1963, Saramago considera estes tempos em que escreveu e reuniu as poesias que fariam parte de 'Os Poemas Possíveis' como desgastantes em termos emocionais e chega mesmo a ponderar a hipótese de migrar para o Brasil. Esta informação surpreendeu-me bastante, pois não fazia a mínima ideia de que o escritor chegara a ponderar a hipótese de emigrar para o Brasil e por a mesma coincidir com o período da história brasileira em que esteve mais iminente uma transformação socialista do país", disse Lopes em entrevista à Folha.com.

Após lançamento da biografia, Saramago classificou a obra como "um trabalho honesto, sério, sem especulações gratuitas".

Ajuda ao Haiti
Saramago relançou em janeiro deste ano nova edição do livro A Jangada de Pedra, que tem toda a sua renda revertida para as vítimas do terremoto no Haiti. O relançamento da obra foi resultado da campanha "Uma balsa de pedra a caminho do Haiti", que do integralmente os 15 euros que custará o livro (na União Europeia) ao fundo de emergência da Cruz Vermelha para ajudar o Haiti.

Em nota, Saramago havia explicado que a iniciativa é da sua fundação e só foi possível graças à "pronta generosidade das entidades envolvidas na edição do livro".

Obras publicadas
Poesias

- Os poemas possíveis, 1966
- Provavelmente alegria, 1970
- O ano de 1993, 1975

Crônicas

- Deste mundo e do outro, 1971
- A bagagem do viajante, 1973
- As opiniões que o DL teve, 1974
- Os apontamentos, 1976

Viagens

- Viagem a Portugal, 1981

Teatro

- A noite, 1979
- Que farei com este livro?, 1980
- A segunda vida de Francisco de Assis, 1987
- In Nomine Dei, 1993
- Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, 2005

Contos

- Objecto quase, 1978
- Poética dos cinco sentidos - O ouvido, 1979
- O conto da ilha desconhecida, 1997

Romance

- Terra do pecado, 1947
- Manual de pintura e caligrafia, 1977
- Levantado do chão, 1980
- Memorial do convento, 1982
- O ano da morte de Ricardo Reis, 1984
- A jangada de pedra, 1986
- História do cerco de Lisboa, 1989
- O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991
- Ensaio sobre a cegueira, 1995 (Prémio Nobel da literatura 1998)
- A bagagem do viajante, 1996
- Cadernos de Lanzarote, 1997
- Todos os nomes, 1997
- A caverna, 2001
- O homem duplicado, 2002
- Ensaio sobre a lucidez, 2004
- As intermitências da morte, 2005
- As pequenas memórias, 2006
- A Viagem do Elefante, 2008
- O Caderno, 2009
- Caim, 2009
Da Hora Agência Experimental de Notícias do Curso de Jornalismo do Cesnors/UFSM
* Com agências internacionais